7 de janeiro de 2009

Não somos só nós a dizê-lo...


Os Indicadores Estruturais são particularmente relevantes, tendo em conta a política de propaganda do actual Governo, que apresenta sistematicamente um país imaginário que não corresponde ao país real.
Os indicadores seleccionados traduzem objectivamente a evolução da realidade económica e social ao longo desta legislatura. Há realidades que não se podem deixar de sublinhar:
  • Portugal empobreceu ao longo dos últimos 4 anos relativamente aos países da UE. Apesar disso os portugueses estão mais endividados, as empresas nacionais estão mais endividadas e o país está também mais endividado.
  • O endividamento externo a que este Governo levou o país é, aliás, de acordo com todos os economistas, o principal problema nacional. Apesar do fraco crescimento, a dívida externa do país passou, em quatro anos, de 64% para 90% do PIB.
  • Uma das principais bandeiras do Governo - o equilíbrio das contas públicas – foi conseguido principalmente à custa de mais impostos. O Estado não reduziu os seus custos absorvendo cada vez mais recursos. A carga fiscal, isto é, o valor de todos os impostos que pagamos,já representa 37,5% do produto nacional. Pagamos mais 26% de impostos que a média europeia.
  • Ao longo dos últimos quatro anos o desemprego aumentou sistematicamente afectando hoje 433.000 portugueses. Aumentou também o desemprego de longa duração e o desemprego da população mais qualificada. O desemprego atinge mais de 14% dos jovens até 24 anos.

Mas não só na economia os resultados da política deste Governo são negativos. Por exemplo na Educação, apesar da promessa do Governo de reduzir em 50% o abandono escolar, este passou de 39,4% para 36,3%. A incapacidade de combater o abandono escolar é assim mais um dos resultados da desastrosa política educativa do Governo.

Alexandre Relvas, Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro

5 de janeiro de 2009

Carta ao Pai Natal

«Acho mesmo que cada um de nós deve atirar o sapato (simbolicamente, claro»!) aos acontecimentos e políticas que lhe provocam indignação.Por isso, aqui vai o meu sapato para o triste episódio do encerramento do serviço de urgência do hospital de Vila do Conde.»

Querido Pai Natal, escrevo-te esta missiva com a firme certeza de que não vais ler esta carta - de resto é o que acontece com as «pessoas de ficção»: como não existem, não sabem ler! Bem feito!Mas curiosamente - ou talvez não! - apesar de não existires e, por isso, não leres cartas, continuam a escrever-te. Já é assim há décadas, não é verdade!Por falar em cartas, por cá também há uma carta que ainda continua a ser muito falada. Já te falo disso...Acho mesmo que tu não passas de um valente embuste. Dos maiores que há neste mundo - e olha que isto não é nenhum elogio!Não sabes porquê? Eu digo-te. As pessoas escrevem-te cartas que tu não lês, a pedir coisas que tu não dás. Mas na noite de Natal lá vão aparecendo algumas prendas nos «sapatinhos» das crianças, conforme as possibilidades dos seus pais e familiares. E as crianças a pensar que és tu que dás as prendas!Porém, cada vez há mais pais e familiares que não podem dar prendas aos pequenotes lá de casa - porque a «crise» afecta acima de tudo as pessoas, não os bancos. O que acontece, na generalidade dos casos? As crianças não compreendem o que é isso da «crise» e ficam muito decepcionadas. Com quem? Contigo? Não! Com os pais e familiares!Ou seja, se a coisa corre bem, és tu que recebes os louros! Se as coisas correm mal, a culpa é dos outros!Por isso, acho que deves ter muito cuidado, porque se este equívoco se descobre é a tua «credibilidade que fica em questão». Com dizia na tal outra carta!Digo eu...

Prendas e promessas. Pai Natal, a tua imagem está muito associada às prendas, nesta época. Ora, como tu sabes, as prendas são dadas e recebidas num momento e está o assunto arrumado.Mas, quer-me parecer que as pessoas andam um pouco enganadas quanto aos teus «poderes» e, vai daí, te fazem pedidos que vão muito além de uma simples - ou complicada - prenda. Por exemplo, nesta terra, depois de mais de trinta anos de poder socialista, num concelho onde falta o saneamento básico e o abastecimento domiciliário de água, onde não há uma Etar, as pessoas já não acreditam nas promessas autárquicas. E, por isso, acham que essas infra-estruturas elementares para a qualidade de vida só poderão aparecer se forem uma prenda do Pai Natal, uma prenda no «sapatinho»!Mas tu não és a Indáqua. Pois não?Digo eu...

Sapatinho. Depois de um jornalista iraquiano ter usado o par que tinha calçado, para fazer um ataque cruel a dez anos de poder de George W Bush, a palavra «sapatinho» passou a ter outra conotação. Não serve só para calçar e para as crianças porem na chaminé na véspera de Natal. Tornou-se também no principal meio de demonstração de indignação contra pessoas e políticas. Acho que é a melhor maneira do mundo se despedir do presidente dos E.U.A.Acho mesmo que cada um de nós deve atirar o sapato (simbolicamente, claro»!) aos acontecimentos e políticas que lhe provocam indignação.Por isso, aqui vai o meu sapato para o triste episódio do encerramento do serviço de urgência do hospital de Vila do Conde.
Digo eu...

Rui Silva 26/12/08